Crise Política

Impedimento da continuidade do mandato de Dilma Rousseff

Brasilia (DF) 12/05/2016 - Após receber a notificação das mãos do senador Vicentinho Alves (PR-TO), e fazer uma declaração à imprensa, a presidente afastada Dilma Rousseff deixa o Palácio do Planalto, no início da tarde desta quinta-feira (12/5). Foto: Daniel Marenco

Poucos minutos tinham se passado após o anúncio do resultado de sua reeleição, quando Dilma Rousseff foi vaiada na Avenida Paulista por um grupo de partidários do candidato derrotado nas urnas, Aécio Neves (PSDB-MG). Eles não imaginavam o desfecho dessa história. Petistas que, no mesmo instante, comemoravam o terceiro mandato do Partido dos Trabalhadores, do outro lado da rua, tampouco. Seu antecessor e mentor, um ex-torneiro mecânico que havia se dirigido ao Congresso Nacional para seu primeiro discurso como presidente da República, em 2003, idem.

Na posse, enquanto opositores convocaram protestos e pediram a cassação da chapa Dilma - Temer, a presidenta garantiu continuar combatendo a corrupção. Eleito presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha prometeu independência ao governo. Na Petrobras, um escândalo afastou Maria das Graças Foster. De lá pra cá, políticos de vários partidos foram citados nas investigações, recebendo propinas de empresários e empreiteiras. A população saiu às ruas de verde e amarelo pelo fim da corrupção.

Rio de Janeiro (RJ) 31/03/2016 - Manifestantes e integrantes de movimentos sociais fizeram um ato contra o impeachment e de apoio à presidente Dilma Rousseff (PT), desde a tarde até o fim da noite desta quinta-feira (31), no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro. O artista Chico Buarque surpreendeu ao subir ao palco, ganhou uma rosa vermelha do público e foi muito aplaudido após um curto discurso, em que pediu a "defesa intransigente da democracia". “No palanque e na praça tem gente da minha geração, que viveu o 31 de março de 1964 (data do Golpe Militar). Mas, tem sobretudo uma imensa juventude que não era nem nascida, mas conhece a história do Brasil. Estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo, não, não vai ter golpe”, disse o cantor, compositor e escritor, sendo ovacionado. Foto: Daniel Marenco
Rio de Janeiro (RJ) 31/03/2016 - Manifestantes e integrantes de movimentos sociais fizeram um ato contra o impeachment e de apoio à presidente Dilma Rousseff (PT), desde a tarde até o fim da noite desta quinta-feira (31), no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro. O artista Chico Buarque surpreendeu ao subir ao palco, ganhou uma rosa vermelha do público e foi muito aplaudido após um curto discurso, em que pediu a "defesa intransigente da democracia". “No palanque e na praça tem gente da minha geração, que viveu o 31 de março de 1964 (data do Golpe Militar). Mas, tem sobretudo uma imensa juventude que não era nem nascida, mas conhece a história do Brasil. Estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo, não, não vai ter golpe”, disse o cantor, compositor e escritor, sendo ovacionado. Foto: Daniel Marenco
Rio de Janeiro (RJ) 11/04/2016 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta segunda-feira (11), de um ato com artistas e intelectuais contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, nos Arcos da Lapa, Centro do Rio..Durante o discurso,  Lula defendeu o mandato de Dilma contra o impeachment. "A comissão acabou de derrotar a gente, por 38 (votos) a 27. Mas isso não quer dizer nada", disse Lula, referindo-se à votação reque acabara de acontecer no Congresso, com a aprovação do relatório a favor do impeachment. "A comissão foi montada por Eduardo Jorge (nesse momento, pessoas da plateia o corrigiram e gritaram o nome de Eduardo Cunha). É o time dele. Então, o que nós temos que ter clareza é domingo no plenário. Domingo é que nós temos que ter clareza.".O ato "Cultura pela Democracia", convocado pela Frente Brasil Popular, foi dividido em duas partes. A primeira começou às 17h, dentro da Fundição Progresso, onde cerca de 5 mil pessoas viram discursos de artistas, juristas e intelectuais. Depois, em um palco armado nos Arcos da Lapa, foi a vez de Lula e de políticos discursarem, a partir das 20h. Foto: Daniel Marenco
Brasília (DF) 16/04/2016 - Para evitar confronto entre manifestantes pró e contra a aprovação de encaminhamento do processo de impeachment ao Senado, na votação do próximo domingo na Câmara dos Deputados, o governo do Distrito Federal construiu uma espécie de muro na Esplanada dos Ministérios. Perto do Congresso, manifestantes colocaram cartazes contra o muro. A divisão da Esplanada dos Ministérios foi criticada pelo ministro da Justiça. “O governador Rollemberg, ele esteve com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que parece estar querendo incendiar o país, que queria, realmente, que os manifestantes chegassem até o espelho d'água, o que é uma absoluta insanidade. Os manifestantes não vão ficar perto do muro. São 80 metros de separação entre os dois grupos. Na Esplanada dos Ministérios foram criadas duas faixas de segurança com 40 metros de largura cada uma. Nesste espaço só vão circular as equipes de segurança. Foto: Daniel Marenco
Rio de Janeiro (RJ) 15/04/2016 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na noite desta sexta-feira que vê "grande probabilidade" da aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff neste domingo na Câmara dos Deputados. Perguntado sobre qual foi o maior erro político de Dilma na relação com o Congresso para a situação chegar a este ponto, o ex-presidente avaliou que a crise política foi semeada no governo Lula "(O maior erro político) Não foi dela. Foi do governo anterior. Uma fragmentação do Congresso enorme, em função de os deputados perceberem que quanto mais partidos há, mais pressão se pode fazer e mais vantagens se pode obter. Quando ela chegou, já era essa a situação, ela não teve forças, talvez tenha até desejado, mas não teve forças para conter", avaliou FH. Foto: Daniel Marenco
Brasília (DF) 17/04/2016 - Manifestantes contrários ao processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff protestam na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Senado Federal, no final de tarde deste domingo (17), dia de votação na Câmara dos Deputados. Foto: Daniel Marenco
Brasília (DF) 17/04/2016 - Com os votos favoráveis de 367 deputados, 137 contrários e 7 abstenções, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório pró-impeachment e autorizou o Senado Federal a julgar a presidente da República, Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade. A sessão foi tensa, iniciada com princípio de tumulto. Cada voto dos 511 deputados foi pontuado com comemorações de cada lado. O voto de número 342, mínimo para garantir o julgamento pelo Senado, foi celebrado à exaustão pelos partidários do impeachment, que tiveram apoio de deputados de 22 partidos. Apenas Psol, PT, e PCdoB não deram votos à favor do impedimento da presidente Dilma. A sessão de votação durou cerca 6 horas, mas todo o processo de discussão e votação do impeachment, iniciada na sexta (15) consumiu quase 53 horas. Foto: Daniel Marenco
Brasília (DF) 17/04/2016 - Manifestantes contrários ao processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff protestam na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Senado Federal, no final de tarde deste domingo (17), dia de votação na Câmara dos Deputados. Foto: Daniel Marenco
Brasília (DF) 17/04/2016 - Manifestantes contrários ao processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff protestam na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Senado Federal, no final de tarde deste domingo (17). Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 09/05/2016 - Pessoas observam o pôr-do-sol de dentro do Congresso Federal, no fim do dia desta segunda-feira, em Brasília. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 10/05/2016 - Funcionários do Palácio do Planalto realizam limpeza no Gabinete Pessoal da Presidência, em Brasília, na tarde desta segunda-feira. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 09/05/2016 - Funcionários da Câmara dos Deputados realizam limpeza no Congresso Federal, em Brasília, na tarde desta segunda-feira. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 09/05/2016 - A presidenta Dilma Rousseff assina nesta, segunda-feira (9), em cerimônia no Palácio do Planalto, projeto de lei que cria mais cinco universidades federais. Em Goiás, as de Catalão e de Jataí, nos municípios do mesmo nome; em Parnaíba, Piauí, a do Delta do Parnaíba; em Araguaína, Tocantins, a do Norte do Tocantins; e em Rondonópolis, Mato Grosso, a de Rondonópolis. Na mesma cerimônia, a presidenta e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, inauguram 224 obras em 38 universidades federais, em todas as regiões do Brasil. Serão inaugurados ainda 41 campi e outras nove obras nos institutos federais. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 10/05/2016 - Hoje no plenário do Senado Federal, senadores fizeram as inscrições para declararem voto em sessão que analisará a admissibilidade do processo de afastamento da Presidenta Dilma Rousseff na casa, que ocorrerá amanhã (11) a partir das 9h. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 10/05/2016 - No plenário do Senado Fedral, senadores disputam a ficha de inscrição para assinar a ordem dos discursos da sessão que analisará a admissibilidade do processo de afastamento da Presidenta Dilma Rousseff na casa que ocorrerá amanhã (11). Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 11/05/2016 - O senador José Serra (PSDB-SP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), observam a movimentação do plenário do Senado Federal no dia que é votado a admissibilidade do processo de afastamento por até 180 dias da presidenta Dilma Rousseff. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 09/05/2016 - Após a presidenta Dilma Rousseff assinar nesta, segunda-feira (9), em cerimônia no Palácio do Planalto, projeto de lei que cria mais cinco universidades federais, manifestantes pró-governo que participavam do ato se mobilizaram para permanecer no local e penduraram faixas nas janelas em protesto ao processo de afastamento da presidente. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 12/05/2016 - Após receber a notificação das mãos do senador Vicentinho Alves (PR-TO), a presidente afastada Dilma Rousseff fez uma declaração à imprensa, no Palácio do Planalto, nesta manhã de quinta-feira (12/5). Ela estava acompanhada por ministros, deputados e senadores apoiadores da petista. Na chegada, foi aplaudida e ovacionada aos gritos de “Dilma guerreira da Pátria Brasileira”. Com semblante de cansaço e olhos inchados, ela reconheceu erros e lembrou dos duros momentos da ditadura em seu último discurso, nesta quinta-feira (12/5), no Palácio do Planalto. “Eu já sofri a dor invisível da tortura, a dor aflitiva da doença e agora eu sofro mais uma vez a dor inominável da injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política”, disse com olhos marejados e a voz embargada. “Mas, eu não esmoreço”, complementou. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 12/05/2016 - Após receber a notificação das mãos do senador Vicentinho Alves (PR-TO), e fazer uma declaração à imprensa, a presidente afastada Dilma Rousseff deixa o Palácio do Planalto, no início da tarde desta quinta-feira (12/5), cumprimentando manifestantes contrários ao processo de afastamento. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 12/05/2016 O presidente em exercício Michel Temer chega para dar posse nesta quinta-feira (12) aos novos ministros que vão compor o governo. Temer assume o posto no lugar da presidente Dilma Rousseff, afastada mais cedo pelo plenário do Senado, que deu início ao processo de impeachment dela..Grande parte dos nomes do ministério já havia sido divulgada mais cedo pela assessoria de Temer. Entre os novos integrantes do primeiro escalão estão Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e José Serra (Relações Exteriores). Em sua equipe de 24 ministros não há nenhuma mulher. A repercussão e críticas inundaram as redes sociais e as manifestações não se restringiram a elas. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 12/05/2016 Durante o discurso do presidente em exercício Michel Temer de posse dos novos ministros nesta quinta-feira (12), um grupo de manifestantes contrários ao processo de impeachment tentaram invadir a rampa do Palácio do Planalto. Houve confronto com a polícia. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 13/05/2016 - O novo ministro-chefe da Casa Civil do governo provisório de Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB-RS), concede entrevista exclusiva em seu gabinete, no Palácio do Planalto, na noite desta sexta-feira (13). Ele rebateu críticas de aliados ligados ao movimento sindical e afirmou que a reforma da Previdência é crucial. Padilha sustenta que, como o sistema é deficitário, só há duas opções: aumentar o tempo de contribuição ou fixar a idade mínima. Ele fala ainda sobre como será a relação com o Congresso e governar com a oposição do PT. Foto: Daniel Marenco
Brasilia (DF) 13/05/2016 - Funcionários do Palácio do Planalto limpam o piso na manhã desta sexta-feira (13). Foto: Daniel Marenco


Um ano atrás, integrantes do Movimento Brasil Livre protocolaram na Câmara um pedido de impeachment contra Dilma. Políticos ícones do partido da presidenta foram presos em uma das maiores operações de investigação do país, a Lava-Jato. A crise se intensificou, o Tribunal de Contas decidiu analisar as tais "pedaladas fiscais". Cunha rompeu com o governo e foi denunciado pelo procurador-geral da República por envolvimento no esquema da Petrobras. O Brasil entrou em recessão técnica, e a popularidade do governo caiu para índices nunca vistos. O PIB tombou, a CPMF ressurgiu, e o TSE reabriu ação proposta por Aécio e seu PSDB.

Em outubro do ano passado, um novo pedido de impeachment, entregue por parlamentares da oposição, parou nas mãos de Cunha, que viraria réu no Conselho de Ética da Casa que presidia menos de quinze dias depois, por omitir contas bancárias na Suíça. O então senador Delcídio Amaral foi preso e jogou mais gasolina na fogueira. O PT votou pela continuidade do processo contra Cunha e, no mesmo dia, ele autorizou a abertura do impedimento recebido. O vice-presidente escreveu uma carta à Dilma, vazada por meio da imprensa, em que expunha a relação entre os dois. Ou a falta dela. Dizia ser um "vice-decorativo". As contas do governo apresentaram um rombo de mais de 100 bilhões de reais. Mais protestos, manchetes e capas alarmantes eram publicadas dentro do país e posições mais cautelosas fora dele.

"Bessias" viajou a São Paulo com um termo de posse. Em meio ao agravamento da crise, Lula foi nomeado ministro e foi impedido minutos depois. Vazaram mais grampos, ocorreram novas prisões e delações. Nesse ponto, já se somavam 12 pedidos de impedimento contra a presidenta. Surgiram mais aúdios, entre eles, o discurso da posse prematura do vice. Em homenagens à família, a Deus ou acusando o presidente da Casa de corrupto, o processo passou na Câmara e foi encaminhado ao Senado. Eduardo Cunha foi afastado. O presidente interino que ficou em seu lugar revogou a decisão da Casa, mas voltou atrás menos de 24 horas depois. O Senado seguiu o rito e, por 55 votos favoráveis, decidiu pelo afastamento de Dilma Rousseff, a primeira mulher nesse cargo no Brasil, por até 180 dias. Assumiu provisoriamente o "decorativo" Temer que, em seu primeiro dia após o aviso da troca de comando, deu posse a um ministério formado somente por homens. Todos brancos.

Em 31 do oito de 2016, Dilma Rousseff, até então a primeira mulher nesse cargo, assumido para um primeiro mandato eletivo no dia 1º de janeiro de 2011, deixa de ser Presidenta do Brasil. Foram 61 votos de senadores a favor e 20 contra o impedimento. Ela não perdeu o direito de exercer qualquer função pública.


Brasilia (DF) 12/05/2016 O presidente em exercício Michel Temer deu posse nesta quinta-feira (12) aos novos ministros que vão compor o governo. Temer assume o posto no lugar da presidente Dilma Rousseff, afastada mais cedo pelo plenário do Senado, que deu início ao processo de impeachment dela..Grande parte dos nomes do ministério já havia sido divulgada mais cedo pela assessoria de Temer. Entre os novos integrantes do primeiro escalão estão Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e José Serra (Relações Exteriores). Em sua equipe de 24 ministros não há nenhuma mulher. A repercussão e críticas inundaram as redes sociais e as manifestações não se restringiram a elas. Foto: Daniel Marenco